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18/08/2012

HISTORIA DO MOTO-CLUBISMO
A história do motociclismo de estrada esta diretamente associada à história 
dos moto-clubes.
 A seguir faremos um breve relato dos principais fatos que colaboraram para
 a edificação deste estilo tão cultuado.
Data de 1868 a construção da primeira motocicleta, apesar do crescimento do interesse sobre esta máquina fantástica estar cercando a virada do século XX. Desde os primórdios, ela já despertava o instinto de liberdade naqueles poucos que ousavam desafiá-la. Não demorou muito para que esses primeiros motociclistas percebessem as vantagens de viajar em grupo - apesar de que andar de moto já é inevitavelmente um ato solitário -. Já na primeira década do século XX se organizavam corridas de motos, o que aumentaria consideravelmente o interesse a admiração por este novo meio de transporte e conseqüentemente a criação de clubes que nada mais eram que entidades sociais de indivíduos que andavam de moto juntos. Neste período nasce o Moto Clube do Brasil primeira associação motociclística brasileira nos moldes de uma associação, cuja sede ainda hoje resiste no Rio de Janeiro.
Estas associações persistiram até a década de trinta quando apareciam nos 
EUA os primeiros moto-clubes com tendências mais rígidas. Nesta época 
eram produzidas mais de 200 marcas de motocicletas, mas o mercado 
consolidou apenas três: Harley Davidson, Indian e Excelsior, que juntas
 respondiam por 90% das vendas. Nesta década a grande depressão 
devastou a indústria e apenas a Harley Davidson conseguiu sobreviver,
 apesar de a Indian ter se mantido até 53 e retornado na década de 90.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos membros das forças armadas
 americanas foram desmobilizados e não conseguiram se readaptar vida da
sociedade "normal" - deixando de lado aqui, o princípio da normalidade-.
Era deprimente para eles, a rotina de trabalho, família, hipotecas, faculdades
 e etc. Acostumados com a adrenalina depois de tanto tempo vivendo no limite
 e ao mesmo tempo querendo desfrutar ao máximo a liberdade e o próprio fato
 de estarem vivos de volta ao seu país. Aos poucos foram se reunindo e
encontraram na motocicleta o meio para satisfazer seu estilo de vida ideal.
As motocicletas estavam baratas, vendidas como excesso de material nos
leilões militares. Logo esses indivíduos passaram a compartilhar os fins de
 semana, mas aos poucos quando chegava à segunda-feira, nem todos iam
para casa, transformando o clube de motocicletas do fim de semana em
uma família de irmãos substitutos em tempo integral.

Principalmente na Califórnia os veteranos formaram centenas de pequenos 
moto clubes como: Pissed of Bastards, Jackrabbits, 13 Rebels e os Yellow 
Jackets. Os membros usavam suéteres do clube e rodavam juntos nos fins 
de semana. Lentamente formalizaram os escudos, as cores, que passaram a
 defender com sua honra, adaptando a hierarquia militar em uma estrutura
 de irmandade, subliminada sob os cargos eletivos das associações. Alguns 
clubes pre-existentes se readaptaram facilmente a esta nova filosofia, outros 
simplesmente desapareceram, o que não aconteceria no Brasil, os clubes 
Brasileiros não se adaptaram, continuando como associações ou se extinguindo.
A A.M.A. (American Motorcycle Association) logo percebeu que a guerra
 havia exposto muitos americanos as motocicletas e que os veteranos voltaram 
com experiências fantásticas em cima das Harley Davidson WA45, experiências
 estas, que eles fariam tudo para continuar vivenciando. Ansiosa em manter 
estes novos motociclistas, a A.M.A. passou a organizar competições, viagens
 e gincanas com um entusiasmo renovado. Entretanto a guerra não é o exercício
 mais saudável para a mente de quem combate no front e estes novos 
motociclistas farreavam muito mais que os motociclistas tradicionais. 
Sua rotina se resumia quase sempre a festas, disputas, bebedeiras e como
 era inevitável, algumas brigas. Talvez buscando retomar o tempo perdido. 
A população tolerava esses excessos porque os motociclistas tinham a seu
 favor o fato de terem defendido seu país na guerra, apesar de tudo isso 
estar sendo financiado pelas pensões do governo, o que posteriormente 
pesaria contra os veteranos, quando saindo da depressão a América tentava
 otimizar seus custos com o apelo do apoio da população.
Foi em Hollister (CA) que o mito da marginalidade se concretizou, um fim
 de semana negro era o que faltava ao puritanismo americano e a mídia 
sensacionalista para taxar os motociclistas de foras da lei e os moto-clubes
 de gangues. Neste período a polícia e os comerciantes criaram uma serie 
de alternativas nos locais onde eram realizados os encontros para contornar
 esta aclamada rebeldia, como fechar duas horas mais cedo e até deixar de 
servir cerveja. Os jornais estampavam manchetes sensacionalistas como
 "Revoltas... motociclistas assumem Cidade" e "Motociclistas destroem
 Hollister". Até a Revista Life estampou uma fotografia de página inteira 
de um motociclista em uma Harley, com uma cerveja em cada mão, a A.M.A. 
se viu então diante de um pesadelo, denunciou os Bastards, culpando-os pelos
 incidentes e tentando mostrar a sociedade que todos os motociclistas não 
poderiam ser culpados pelo vandalismo de um único Moto clube.

Com o passar do tempo, ficou cada vez mais difícil separar os mitos da realidade. 
Quando Hollywood dramatizou o fim de semana de Hollister no filme de 1954 
O Selvagem "The Wild One" com Marlom Brando, qualquer esperança de 
salvar a imagem dos motociclistas estava perdida. Os críticos pareciam incapazes 
de passar a idéia de que era puramente um filme sobre violência. Na realidade, 
há muito pouca violência pública em O Selvagem se comparado a muitos filmes 
de guerra da mesma época. O que parece ter perturbado os críticos era o fato 
de que a violência das jaquetas de couro estava de mãos dadas com a sexualidade
 contra a autoridade do puritanismo e dos ternos folgados.
Nós poderíamos não estar lendo este artigo agora se uma única cidade naquele 
momento concordasse em permitir a A.M.A. promover novamente um encontro
 de motociclistas, o que só aconteceu cinco meses após os acontecimentos de 
Hollister. Mas ao contrário do que os puritanos e a policia esperavam, tudo 
aconteceu em paz e os comerciantes locais abriram suas portas para receber 
os motociclistas. Mas a mídia sensacionalista e principalmente a revista Best 
ainda insistiam em mostrar os motociclistas como bêbados ou na pior das
 hipóteses sociopatas.
O que Hollywood conseguiu foi incentivar verdadeiros predadores a criarem 
moto clubes e constituir verdadeiras gangues, o que fez da década de 50, uma 
página negra na história do motociclismo. Nasce nesta época também a rivalidade 
entre alguns clubes e o senso de território.
As motos eram em sua grande maioria Harley's e passaram a ser despojadas de 
tudo que não fosse essencial - velocímetro, lanternas, espelhos e banco de 
carona - com isso ficavam mais leves e ágeis nas disputas. Esse estilo de moto 
ficou conhecido como Bobber, que mais tarde deu origem as chopper, que eram 
motos modificadas para viagens - com frente alongada, banco com encosto 
e santo Antonio -.
A moto passou a ter grande importância como sendo um complemento da 
personalidade de seu dono, e como modificações eram sempre feitas pelos
 próprios motociclistas, não havia assim duas motos iguais.
A década de 50 também ficou marcada como a década de expansão dos 
MC's Americanos para outros paises.

A década de 60 foi fantástica para o movimento motociclistico. As motocicletas 
a ser tema de Holywood, Elvis Presley com Roustabout e Steve McQueen com
 A Grande Fuga, alavancaram uma série de filmes sobre o tema que chegou ao 
seu auge com Easy Riders. Finalmente vislumbra-se uma mudança imagem do 
motociclista com o início da fase romântica do motociclismo, que perdurou até 
o final da década de 70. Este período fixou o motociclística como ícone de liberdade
 e resistência para o sistema. Nesta década, mas precisamente em 1969, nasce no 
Rio de Janeiro, o primeiro moto clube Brasileiro que seguia a nova estrutura de
 hierarquia e irmandade dos Moto-clubes internacionais.

Nesta década o estilo "motociclistico" assumiu uma nova imagem e vitalidade
 dentro do aspecto de ampliação de estilos de vida contemporâneos. Estes
movimentos revitalizaram a reputação do motociclista e foram responsáveis
 por atrair motociclistas cujo único desejo era projetar a imagem de diversão
saudável, contribuição à comunidade e a liberdade inerentes a experiência das
Harley Davidson. Neste período, no Brasil, O Vigilante Rodoviário - Série
produzida pela TV Tupi entre 61 e 62 - alimentava a imaginação aventureira
de jovens e adultos. A década de setenta viu a disseminação dos moto-clubes
pelo mundo, alguns se mantiveram fieis às antigas o Harley e outros se adaptaram
 a outras motos já que nesta década as motos japonesas começaram a dominar
 o mercado mundial. No Brasil, a instalação de montadoras japonesas e a lei que
 limitava a importação de motos, tornaram homens como Myster - falecido em
2002 - e os poucos moto clubes existentes, verdadeiros heróis da resistência.
 Brasil este que após lançar uma associação motociclística em conformidade
com os padrões do inicio do século, padeceu sob um retardo de quase 60 anos
 na história do motociclismo de estrada mundial.

A partir do final da década de sessenta iniciou-se o movimento de moto-clubes 
dentro destas novas normas de conduta e irmandade. Os sessenta anos de atraso,
 foram diluídos nas décadas de 70 e 80. Vivenciamos então a fase romântica de 
encontros onde o único prazer era viajar para estar com os amigos ao pé de uma 
fogueira falando sobre motos viagens e sabe-se o que mais.....
Apesar de tudo, passamos também pelas outras fases, que culminaram com a 
popularização do estilo no Brasil a partir de 1996, quando inúmeros moto clubes 
passaram a ser criados.
Neste período, outra série de filmes como: A sombra de um disfarce e A vingança 
do justiceiro, insistiam em denegrir a imagem do motociclista.
Muitos fatores levaram a esta popularização: O crescente aparecimento de 
moto-clubes - na mídia especializada ou não - desfazia aquela aura de mistério 
e medo, com a liberação da importação, as fábricas japonesas pagando royalties
 a Harley para copiar seu desenho, a equiparação do dólar ao Real, a abertura 
de lojas da Harley no Brasil, os políticos visando um colégio eleitoral leal e 
abandonado e as prefeituras locais buscando ampliar o turismo em suas cidades.
Comercialmente falando, sangue sugas passaram a criar milhares de eventos por
ano - que mais parecem festas juninas do que um encontro motociclistico, com o
 único intuito de ganhar dinheiro no rastro da popularidade. Isto fez com que a 
maioria dos moto clubes autênticos, raramente sejam vistos em eventos, passando
 a organizar cada vez mais viagens exclusivas.